a deus verme

aqui estará o que sobrou do meu pai. o nome dele é antônio carlos alves de queiroz, nascido em 18/08/57 e morto no dia 03/03/2006 com 48 anos de idade. após sua morte revirei o que restou da sua casa e encontrei alguns escritos. não os colocarei em ordem cronológica. colocarei como eles vierem até mim.

Quando tentei me libertar
da minha vida tardia,
me lembrei da minha vida
que me prende a levar.

Sofri no sabor de um sábado,
que me perdia no ardor do tempo,
as noites que não vivi
como num eterno passatempo.

Esqueci que era vivo,
desdém da vida que levava.
Esqueci do velho crivo,
que lentamente queimava.

Antônio Queiroz 20/04/1995

FOSSA LACRIMAL

Espero não pensar
mas a vontade já não obedece
e os pensamentos entristecem
o meu coração de tolas lembranças!

Se o tempo fosse um rio
eu juro que agora
nadava contra a corrente
até chegar perto da tua presença

E se a saudade que bate
fosse chuva (lágrima!)
eu só sairia num dia de sol!

Deixa a caneta de lado
e vai dormir para sonhar
com a hora de encontrar
você dançando nas nuvens do meu céu...

(30/01/1979 p/claudinha)

POSTA À MESA, O CAOS

Entre nas vértebras do sistema
e sinta o medo da profundidade óssea
com toda dureza
das paredes colossais
da imensidão sem saída

O seu túnel é transparente
e a sua imagem: um engano

Sua cores aparentes
aparentes como tarde e nunca

Porém
a noite de luar
pensou trazer
o sabor do acontecer

Pensei em nascer
talvez até me lembrar
de fatos marcados
que dão as iniciais da confusão
dos versos dessa canção!

(13/12/1977)